quarta-feira, outubro 01, 2008

Quando o azul passa a verde

O mar deixa de ter aquele tom azul para se mostrar esverdeado, em sinal de que a estação do ano se esgota numa réstia de calor, que teima em perdurar.
Gosto dos dois tons, mas abomino a mudança gradual que transmitem, é-me desconfortável e detesto mudanças.

Sinto-me o próprio mar, ainda calmo mas percebendo já um estado de turbilhão e perigo iminentes, como se ao tocar na água com a ponta do pé isso fosse o bastante para acordar as ondas adormecidas e vê-las crescer na minha direcção. Sinto o mundo a fugir, e eu presa a um estado de insegurança e impotência tão grandes como aquele azul esverdeado...

...

É assim que estou hoje: entre o azul e o verde, entre o calmo e o agitado, a dormência e o despertar, o sonho e a realidade. Entre o ficar e o fugir.
Gaita p'ra isto!!!!

Bjinhos a todas

4 comentários:

Nela disse...

Minha querida, faz parte deste encanto de estar vivo ir assistindo e vivendo as estações...
Sabes porque é que o mar oscila entre o verde e o azul? Por solidariedade! Connosco!

Só para ti:

O azul que me rodeia cheira à tua sementeira,
E nem sei se é azul,
Se a terra que eu agarro tem sementes do que és,
Ou mesmo se agarro terra.
É azul porque é do mar
Duma sede que me quebra
Dum bater que se repete sem conseguir ver porquê.
Essa água mistura-se com as entranhas,
Raspa, arde, escapa-se das fronteiras.
É uma dissolução em azul.
É azul porque é do mar
Do que nos cobre as cabeças
De um que às vezes também chora, mas que cheira a maresia
Como quando lhe meto as mãos e revolvo a sementeira.
Não pode ser terra o que agarro, se sim, porque cheira a ti?
Não vejo esse cheiro erguer-se?
Abraçar-me, embalar-me, beber-me a cor, trazer o mar para mim,
De novo criar fronteiras para as dissolver em azul.
Em azul porque é de ti,
Como o mar porque é de mim,
Dissolvidas como estas palavras, que nasceram como um espelho
- nascem sempre como um espelho ¬
De águas serenas, paradas, a devolver uma imagem, perfeita
Que agito com a boca para que a água minta
E logo a faço verdade.
Construo imagens-verdades que de imediato agito.
Em algum momento deste azul se possui a imagem-água que não mente.
Na música que a compõe
Bailam doces céus, azuis, também.
Reflectem água que chora, enganados na verdade.
Entenda-se o percurso das palavras,
O porquê do profanar, de tocar papel sagrado,
Pintar imagens azuis,
Para nos serem devolvidas
Sempre com terra agarrada.
Atiram-se sementes fundo
E as palavras adubam-se,
Fortificam-se,
Ganham vida.
As imagens acham-se construídas
Sem olharmos o espelho de água,
Mesmo sem água, nem espelho,
Numa dissolução em azul.

Mimas disse...

Oh meu amor, tu sabes que eu até gosto do verde, não sabes?

Bjcs!
Mimas

Cristina J. disse...

Não tens vergonha de dizer isso aqui depois de teres engolido dois secos no sábado?!!!

Olha, mudasti... quique(res)? flores?!

Lina Querubim disse...

Boa noite, estás cá, estás lá, queres, não queres,gostas, não gostas etc...tem dias assim!!!
Amanhã é outro dia e desta vez completamente AZUL
Beijinhosssss